03 julho, 2004

Decepção.

A idéia deste blog não é apenas falar de diferenças culturais. Nem quero que seja isso, mas os eventos que tem ocorrido ultimamente comigo, fizeram com que eu escrevesse sobre estes causos da vida.
Hoje fui muitíssimo mal tratada. Fiquei com vontade de chorar mesmo de tanta tristeza. O fato é que fui em uma feira de tecidos com a minha mãe lá no Anhembi. Trata-se de um evento de moda voltado para confeccionistas e lojistas. Participam representantes de tecidos, de aviamentos e de roupas. Os expositores vem das mais diversas regiões. Desde de Minas, de Porto Alegre e até da China.
Enfim... o caso é que entrei em um stand de uma confecção de Minas e as vendedoras já foram olhando feio. Por que? Bem... vou explicar, afinal existem os dois lados. Os coreanos, no geral, assim como os chineses são conhecidos pelas falsificações. No ramo da confecção (não só nele)existe muito a questão da cópia. Todo mundo copia todo mundo. Existem alguns coreanos, confesso, que são cara de pau mesmo. Entram no stand e saem de lá fazendo desenhos das roupas que viram e levam estas idéias para suas confecções. Por isso um pouco da má fama. É claro que os expositores não gostam. Nem eu gostaria, apesar de eu ter diversas opiniões sobre as cópias. (A Victor Hugo, por exemplo, não copia descaradamente as bolsas Louis Vuiton? - e ninguém complain about it - não é uma loja clandestina, pelo contrário, ela exibe seus produtos em lojas de luxo por preços exorbitantes).
Enfim... esse não é o ponto. O fato é que uma vendedora se aproximou da gente, viu nossos crachás e perguntou se estávamos procurando mercadoria para atacado ou varejo. Se vc diz que é atacado, quer dizer que vc tem uma confecção e elas odeiam porque temem cópias. Respondi que procurava varejo (quer dizer que vc não tem confecção), afinal, era o que estávamos procurando mesmo.
Independente disso, elas começaram a falar baixo (vulgo: mal da gente) e a tirar de nossas mãos as roupas que tirávamos da arara. Na hora quase falei pra ela falar mal na cara, em vez de ficar falando pelas costas. Me arrependo amargamente disso. Sempre ouço comentários alheios falando mal de coreanos ou os relacionando a mercadoria de má qualidade. Isso não é geral. Pô, sou cliente, ela deveria me tratar bem, afinal existia a possibilidade de fecharmos negócio. Em outro stand, a vendedora praticamente pulou em cima da minha mãe quando ela se aproximou da arara. Perguntou de onde éramos e disse que para São Paulo não vendiam mais. Nunca fui tão mal tratada assim por ser coreana. Claro que temos uma certa culpa, afinal, elas nos tratam assim porque alguém já fez besteira e "queimou" os coreanos. Entretanto, como ela ia saber que eu era coreana? Poderia ser japonesa. E daí? Isso não justifica o mal trato para comigo e com a minha mãe. Ser coreana não significa que sou falsária. Assim como ser brasileiro não significa ser baderneiro. Assim como ser americano não quer dizer que seja tapado. Assim como ser vendedora mineira não quer dizer que seja estúpida e mal educada. Generalizações são foda!!!
Impressionante a gente estar vivendo em pleno séc. XXI em uma cidade com tantos imigrantes e migrantes e ainda se deparar com este tipo de situação deplorável.